Aterros, por que tê-los?

Terrenos com desnível não precisam receber aterros, aprenda como aproveitar melhor seu espaço e deixá-lo com ainda mais segurança e requinte com economia

Frequentemente nos deparamos com terrenos desnivelados, seja em sentido à rua, o contrário, em direção ao fundo do lote e até mesmo quando o declive ou aclive aponta em duas direções ao mesmo tempo. Nosso primeiro intuito é o de aterrar tudo e aplainar o nível da área, mas será mesmo que essa é a melhor opção nesses casos?

Não existe uma “receita de bolo”, pois cada local tem as suas particularidades, como tipo do solo, intensidade de chuvas, declives e até mesmo a localização do terreno interfere nas soluções.
Vamos falar aqui, a respeito das técnicas de construção necessárias para a execução de um bom aterro, dos gastos envolvidos e das opções viáveis para a sua substituição.

Na área da construção civil é quase uma regra, sempre deixarmos o nível da construção cerca de dez ou quinze centímetros acima da altura da rua, por questões de segurança da própria edificação e para evitar infiltrações, a invasão da água das chuvas e outros problemas, porém, em certos casos o aterramento não é a solução mais indicada por variados motivos, sejam eles de ordem financeira ou técnica.

Para a construção de um bom aterro, vários cenários devem ser estudados. Inicialmente temos que pensar se será necessária a construção de um muro de contenção ou arrimo.

O muro de arrimo é executado com a finalidade de conter toda a carga da terra e do material do aterro de forma a não ceder e manter os elementos compactados. Normalmente é formado por paredões em alvenaria e mãos-francesas em concreto, para suportar os esforços de todo o peso, além de fundações mais profundas devido aos esforços que serão requisitados.

Não é aconselhável a inclusão de entulho ou restos de materiais de construção na compactação onde será construído, pois esses componentes podem gerar bolsas de ar subterrâneas que posteriormente abaixam e acabam causando fissuras, rachaduras nas paredes e consequentes danos à edificação.

Um aterramento bem projetado e executado evita problemas como o recalque da construção (afundamento do piso), rachaduras e trincas nas paredes, infiltrações e até mesmo problemas na cobertura. Dependendo da altura do muro de arrimo e do volume de terra aplicado, deve ser previsto um sistema de drenagem da água, para que esta, não entre em contato diretamente com a alvenaria. Normalmente essa impermeabilização e drenagem são feitas com lonas aplicadas à parede, porém é mais efetivo o uso de impermeabilizantes próprios e de encanamentos que conduzam a água a um reservatório ou local de despejo.

Em alguns casos, quando a profundidade do desnível é grande, beirando um pavimento (cerca de três metros), é mais viável principalmente focando na parte financeira, construir um novo andar, do que executar o aterramento, configurando assim uma edificação de dois ou mais pisos, popularmente conhecido como sobrado.

Estudos comprovam que a relação custo-benefício entre o aterro e a construção de um porão, por exemplo, é grande. Quando consideramos o ganho de área construída, a economia com elementos de fundação, com as cargas de terra e o resguardo de possíveis problemas decorrentes do nivelamento.

Em todo caso, se você prefere aterrar o seu lote, a técnica deve ser executada de acordo com a NBR 5681, que regulamenta essa prática, tornando-a mais segura para quem desempenha a função e para os futuros usuários da edificação.

Diferente de como comumente se faz, despejando toda a terra de uma vez e a compactando com o uso de máquinas pesadas, é necessário preparar camadas pequenas de terra, com cerca de trinta centímetros cada uma e compactá-las devidamente, antes de se colocar mais material por cima, diminuindo assim o risco de afundamentos.
Mas a melhor dica que podemos dar, é que ao comprar um terreno ou se preparar para construir, você deve sempre procurar um profissional habilitado, um Arquiteto irá lhe conduzir às melhores soluções para a sua obra.

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