Com receitas caindo e despesas ascensão, mais da metade dos municípios brasileiros enfrenta dificuldades significativas, levando prefeitos a conter gastos e até cortar investimentos para manter as contas em dia.
A crise que os municípios atravessam levou a uma forte mobilização de prefeitos nesta terça-feira (15) em Brasília, para participar da reunião da Confederação Nacional dos Municípios (CNM). Foram quase dois mil gestores municipais que participaram do encontro, incluindo 1,4 mil prefeitos.
A reunião dos prefeitos teve como foco discutir a Reforma Tributária e as crescentes dificuldades financeiras enfrentadas pelos municípios. Paulo Ziulkoski, presidente da CNM, compartilhou um estudo abrangente feito pela entidade municipalista que revela um dado alarmante dos pequenos municípios. Cerca de R$ 91 de cada R$ 100 arrecadados são destinados ao pagamento de pessoal e custeio administrativo. O estudo aponta que mais de 51% dos municípios enfrentam dificuldades financeiras significativas.
“Mais da metade dos Municípios estão no vermelho, as receitas estão caindo e as despesas crescendo. Nós elaboramos um estudo completo que comprovam essa situação. Aí estão esses números, vocês podem pegar esse estudo e apresentar para seus parlamentares e cobrar a aprovação do arcabouço fiscal”, explicou o presidente da CNM.
Os dados preliminares da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) para o terceiro bimestre revelam que, considerando um total de 4.616 prefeituras (83% do total do país), metade delas está enfrentando um déficit primário, onde as despesas superam as receitas. Isso representa um aumento substancial em relação aos 7% registrados em 2022.
O prefeito de Cascavel, Leonaldo Paranhos, lembra que essa queda de arrecadação vem se desenhando desde meados do ano passado e aumentou no primeiro semestre de 2023. Uma das principais preocupações é a redução dos repasses de recursos federais, principalmente do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). Outra receita em queda e que está tirando o sono dos prefeitos é o repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).
“Essa queda tem nos preocupado, já tomamos medidas para conter gastos e temos buscado mecanismos para aumentar a arrecadação municipal e, consequentemente, reduzir o impacto causado pela queda dos repasses federais. Uma dessas medidas é a redução pela metade da alíquota do ITBI para as famílias regularizarem seus imóveis. O Município está renunciando parte do tributo para facilitar a vida do contribuinte e estimular a arrecadação”, enfatiza Paranhos.
No final do mês de março, Paranhos tomou medidas para enfrentar a situação, assinando um decreto que previa cortes de gastos e a suspensão temporária de novas obras, devido ao quadro preocupante da economia brasileira. Esse decreto continua em vigor.
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