
Na manhã desta segunda-feira, 21 de abril, o mundo recebeu com pesar a notícia do falecimento do Papa Francisco, um dia após a celebração da Páscoa. Aos 88 anos, o pontífice argentino encerra seu pontificado deixando como legado uma mensagem de esperança, fraternidade e apelo pela paz entre os povos.
Sua última aparição pública ocorreu neste domingo de Páscoa, quando acenou aos milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro, no Vaticano. Já visivelmente debilitado, Francisco acompanhou a tradicional mensagem “Urbi et Orbi” — à cidade de Roma e ao mundo — a partir do balcão central da Basílica Vaticana, enquanto o texto foi lido por Mons. Diego Ravelli, mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias.
Na mensagem, o Papa recordou a essência da celebração pascal e reafirmou sua crença de que a vida, o amor e a verdade venceram a morte, o ódio e a mentira. “Cristo ressuscitou! Neste anúncio encerra-se todo o sentido da nossa existência, que não foi feita para a morte, mas para a vida”, escreveu o Santo Padre. “A Páscoa é a festa da vida! Deus criou-nos para a vida e quer que a humanidade ressurja!”
Francisco também fez um veemente apelo à paz, dirigindo sua palavra aos inúmeros conflitos que assolam o mundo: do Oriente Médio, com atenção especial à Terra Santa, Gaza, Líbano, Síria e Iêmen, até os países da África, como o Sudão e a República Democrática do Congo, além das crises na Ásia, como a de Mianmar. Em cada menção, sua preocupação era clara: a dignidade humana acima de qualquer lógica de guerra.
“Não é possível haver paz sem um verdadeiro desarmamento!”, exortou. “Estas são as armas da paz: aquelas que constroem o futuro, em vez de espalhar morte.” O pontífice ainda pediu que os recursos gastos em armamentos fossem redirecionados ao combate à fome, ao acolhimento dos migrantes e ao desenvolvimento dos povos.
Em sua despedida simbólica, o Papa destacou a importância da empatia, do perdão e da solidariedade. “Perante a crueldade dos conflitos que atingem civis indefesos, atacam escolas e hospitais e agentes humanitários, não podemos esquecer que não são atingidos alvos, mas pessoas com alma e dignidade.”
Francisco encerrou sua última bênção pascal com um forte apelo humanitário: que este ano jubileu seja uma oportunidade para a libertação de prisioneiros de guerra e presos políticos.
“Queridos irmãos e irmãs, na Páscoa do Senhor, a morte e a vida enfrentaram-se num admirável combate, mas agora o Senhor vive para sempre. Feliz Páscoa para todos!”
O Papa acenou aos fiéis do papamóvel, num gesto de despedida que, agora, ecoa como um adeus carregado de simbolismo e fé.
Francisco se despede do mundo como um líder incansável pelo diálogo, pela inclusão, pela justiça social e, sobretudo, pela paz. Sua última mensagem, lida em um dos momentos mais sagrados do cristianismo, permanece como um testamento espiritual e humano de um pontificado marcado pela coragem de amar.
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