
Duas crianças foram resgatadas na madrugada desta quarta-feira (13) pela Polícia Rodoviária Estadual (PRE) à margem da BR-369, em um trecho ermo entre Corbélia e Ubiratã. Eram cerca de 2h quando a equipe, que seguia para o Posto Rodoviário de Assis Chateaubriand, avistou dois pequenos pedindo carona no acostamento da rodovia.
Ao perceber a cena, os policiais retornaram e confirmaram que se tratava de um menino de 7 anos e do irmão, de 11, sozinhos e expostos ao fluxo intenso de veículos em uma área reconhecida pela prática de assaltos a contrabandistas.
Segundo o Subtenente Rossini, em entrevista para um repórter local, a primeira abordagem foi dificultada porque os menores “não queriam falar, nem dizer os nomes”. Eles chegaram a dar versões desencontradas sobre onde moravam — primeiro disseram morar em Londrina, depois em Corbélia e, por fim, no distrito de Ouro Verde (Corbélia).
Diante do risco, os policiais retiraram as crianças do local e as levaram ao posto da PRE em Assis Chateaubriand, onde foram agasalhadas e alimentadas. Somente após criar “uma relação de confiança”, relatou o subtenente, os meninos contaram o que pretendiam fazer: haviam saído de casa, sem avisar os pais, para ir até Londrina encontrar um influenciador infantil que acompanham no YouTube. Levaram apenas uma mochila com água e dois brinquedos — “para eles, era a mala” da viagem, descreveu o policial.
A equipe interrompeu outra demanda em Ubiratã para atender a ocorrência, classificada como emergencial. “Foi uma situação inusitada: duas crianças, por volta das duas da manhã, sozinhas, na beira da rodovia, num lugar de grande risco”, disse Rossini. Ele destacou que os motoristas não paravam, possivelmente com receio de se tratar de uma emboscada, dado o histórico criminal da região. No posto, os meninos também relataram fome e cansaço; foram alimentados e colocados para descansar enquanto o Conselho Tutelar era acionado.
O procedimento incluiu registro de boletim de ocorrência e comunicação formal à Delegacia da Polícia Civil de Assis Chateaubriand. Conforme o subtenente, o Conselho Tutelar encaminhará o caso ao Ministério Público e ao Poder Judiciário. Pela manhã, a rede de proteção iniciou os contatos para localizar os responsáveis e reunir a família, com orientação para acompanhamento próximo do uso de redes sociais pelas crianças.
Com 30 anos de serviço, Rossini afirmou nunca ter atendido ocorrência semelhante. Para ele, o episódio escancara o alcance da influência digital sobre o comportamento infantil e serve de alerta a pais, mães e avós. “Essas crianças poderiam agora estar sendo sepultadas. A influência das redes sociais é enorme. É preciso atenção para que situações assim não se repitam”, concluiu.
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