A Polícia Civil do Paraná (PCPR) concluiu nesta segunda-feira, 29 de setembro, o inquérito instaurado para apurar crimes contra a dignidade sexual cometidos pelo padre Genivaldo dos Santos de Cascavel, no Oeste do Estado. De acordo com a delegada Thais Regina Zanatta, titular do NUCRIA (Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes), as investigações identificaram dez vítimas, sendo que os delitos vinham ocorrendo desde 2009.
O sacerdote foi formalmente indiciado pelos crimes de tráfico de drogas, curandeirismo, assédio sexual, importunação sexual, violação sexual mediante fraude e estupro de vulnerável. O inquérito também apontou a incidência de agravantes, como a violação de dever inerente ao ministério religioso, e reconheceu tanto a continuidade delitiva quanto o concurso material de crimes, uma vez que as práticas se repetiram em diferentes ocasiões e contra múltiplas vítimas.
Segundo a delegada, a soma das penas previstas ultrapassa 150 anos de prisão. O material já foi encaminhado ao Poder Judiciário. “A soma das penas previstas ultrapassa 150 anos de reclusão. O inquérito foi encaminhado ao Poder Judiciário para as providências legais cabíveis”, explica.
A defesa informou que aguarda a manifestação do Ministério Público e que pretende apresentar provas para contestar o indiciamento.
O caso ganhou repercussão desde agosto deste ano, quando surgiram as primeiras denúncias contra o padre. As investigações foram conduzidas pelo NUCRIA, que logo identificou indícios de crimes sexuais contra adolescentes. No dia 24 de agosto, o religioso foi preso preventivamente, após diligências confirmarem os relatos apresentados pelas vítimas.
Na ocasião, a delegada Thais Zanatta detalhou que o sacerdote se valia da condição de líder espiritual para se aproximar das vítimas e cometer os abusos, circunstância considerada agravante pela legislação. Poucos dias depois, a Arquidiocese de Cascavel também se manifestou. O arcebispo dom Adelar Baruffi declarou que a Igreja colaboraria com as autoridades e reforçou o compromisso de apoio às vítimas.
Com o avanço das oitivas, o número de denúncias aumentou. Inicialmente, o NUCRIA havia confirmado sete vítimas, mas esse número cresceu ao longo das investigações, alcançando as dez reconhecidas no inquérito concluído nesta semana. Nesse período, surgiram ainda relatos que apontaram supostos abusos cometidos por dom Mauro Aparecido dos Santos, arcebispo emérito de Cascavel, que também passou a ser investigado.
Agora, com o inquérito encerrado e as provas reunidas, o processo segue para apreciação do Poder Judiciário. O padre permanece preso preventivamente e poderá enfrentar uma das maiores penas já aplicadas em casos de abuso sexual na região, caso seja condenado.
Por envolver vítimas de abuso e menores de idade, a Polícia Civil não divulgou detalhes sobre as circunstâncias dos crimes nem a identidade dos envolvidos.
A Polícia Civil reforça que denúncias de crimes sexuais podem ser feitas de forma anônima pelos números 197 (PCPR) ou 181 (Disque-Denúncia). Em casos de flagrante, a orientação é acionar a Polícia Militar pelo 190.








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