O Oeste catarinense é um dos grandes produtores de frango e suíno exportados pelo Brasil. Chapecó e cidades vizinhas são destino de milhões de toneladas de milho produzido no Mato Grosso do Sul. Hoje, a circulação dos grãos e de proteína animal é feita por via terrestre, em caminhões. Mas essa história pode mudar.
Nesta terça-feira (16), representantes dos governos do Paraná e de Santa Catarina tiveram uma reunião online para avaliar o impacto da construção de um ramal ferroviário entre Cascavel (PR) e Chapecó (SC), ligando o estado vizinho à linha principal da Nova Ferroeste.
Proposta pelo Governo do Paraná, a Nova Ferroeste é de uma nova estrada férrea entre Maracaju, no Mato Grosso do Sul, e o Porto de Paranaguá. O projeto prevê a ampliação e modernização do trecho já existente, entre Cascavel e Guarapuava, além de novos ramais até o MS e Foz do Iguaçu. O ramal entre Cascavel e Chapecó permitira uma solução logística para o Oeste e potencializaria o uso da nova ferrovia.
Durante a reunião foram apresentados os dados atuais sobre o intenso fluxo de proteína congelada e grãos nas estradas que cortam o Mato Grosso do Sul, o Oeste do Paraná e de Santa Catarina. O coordenador do Plano Estadual Ferroviário, Luiz Henrique Fagundes, explicou a dinâmica do trecho até o município catarinense.
“Esse ramal teria carga de ida e volta, do Mato Grosso do Sul sairiam os grãos e retornariam como proteína animal com destino ao Porto de Paranaguá”, disse.
Segundo ele, a interação entre os três estados aumentaria a produtividade do País. “O Oeste catarinense tem um déficit de grãos para produção de proteína animal, são mais de 5 milhões de toneladas/ano só de milho e boa parte sai do Mato Grosso do Sul”, informou.
Para o secretário da Fazenda do estado vizinho, Paulo Eli, a ligação com o Mato Grosso do Sul ajudaria o desenvolvimento da indústria do Oeste. “Além de milho a gente recebe outros insumos daquela região e produtos nossos seguem para lá também”, afirmou. “Gostei muito do projeto, precisamos resolver essa rota do milho e esse traçado entre Cascavel e Chapecó é bastante interessante. Contempla uma parte das nossas demandas locais. Além disso, precisamos nos ligar aos portos e à malha ferroviária nacional”.
A construção do ramal Cascavel – Chapecó aumentaria o volume de carga refrigerada com destino ao Litoral paranaense. “Em Paranaguá temos o maior terminal de contêineres refrigerados do Brasil. Com este ramal se cria solução logística para o Oeste catarinense, seja para levar insumos ou para devolver produto acabado. Isso deve alavancar ainda mais aquela região e agregar um imenso potencial para a ferrovia”, arrematou Fagundes.
“Esse foi o nosso primeiro contato, vamos continuar conversando. O projeto atende parte de nossas necessidades e estamos à disposição para contribuir”, disse o secretário- executivo da SC Parcerias (SCPar), Ramiro Zinder.
AUTORIZAÇÃO – O pedido de autorização para conectar por trilhos as duas cidades junto à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) foi feito em setembro. Na ocasião o Paraná solicitou, ainda, as ligações entre Guarapuava e Paranaguá, Cascavel e Foz do Iguaçu, no Paraná, e Dourados e Maracaju, no Mato Grosso do Sul.
“Quando idealizamos o traçado da Nova Ferroeste pensávamos na possibilidade desse ramal. Mas, na época, as condições legais eram muito diferentes”, explicou Fagundes.
A grande mudança foi a publicação da Medida Provisória nº 1065, que inclui o modelo de autorização na legislação federal. “Já tínhamos criado a nossa lei estadual, mas que só tem efeito nos limites do Paraná. Para chegar a Chapecó precisamos cruzar a divisa. Essa iniciativa do governo federal permitiu que a gente pleiteasse esse ramal”, afirmou.
Fonte: AEN
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