A administração municipal de Campo Mourão vai decretar lockdown (confinamento) de 27 a 30 de maio (quinta a domingo) por conta da situação de colapso total no sistema de saúde em razão da Covid-19. O município chegou neste domingo a 200 mortos pela doença, o número de casos positivos não para de subir e tanto os hospitais quanto a UPA não tem mais onde colocar pacientes.
No período do lockdown, apenas serviços de saúde e indústrias do ramo alimentício poderão funcionar (detalhes nas mídias sociais do município). Até supermercados, mercearias e açougues deverão permanecer fechados. Na próxima semana (de 31 de maio a 6 de junho), alguns serviços essenciais poderão atender, mas com restrições. As mesmas medidas devem ser seguidas pelos demais municípios da região, conforme decisão tomada entre os prefeitos.
“Tivemos a pior semana de pandemia e a mais difícil dentro da gestão. Maio já superou o mês de março com quase 1.600 contaminados. Foi preciso emprestar oxigênio, estamos atendendo na UPA pacientes que deveriam estar em leito de hospital. Está um verdadeiro Deus nos acuda. O único jeito é tentar evitar ao máximo a circulação das pessoas, pois o vírus é disseminado por esse contato”, argumentou o secretário municipal de Saúde, Sérgio Henrique dos Santos.
As medidas foram anunciadas em live na página do município, com participação do prefeito Tauillo Tezelli, do presidente da Comcam, Leandro Oliveira (prefeito de Araruna), médicos da Santa Casa, Central Hospitalar e UPA. “Não tem mais ventiladores, não tem mais equipe. Chegou o caos e precisamos da ajuda de todos. Estamos com quase 70 pacientes na Santa Casa e a todo momento o SAMU trazendo mais”, comentou o médico Renato Gibim.
O médico Vinicius Costa, que atua na UPA, disse que a média na semana passada foi de 400 consultas por dia e 70 exames coletados. “Não estamos dando conta. A população tem que assumir a responsabilidade da pandemia. Dois médicos foram contaminados. Os profissionais de saúde não querem trabalhar nesse setor”, informou o médico. Ele disse que a UPA está com 25 internados, dos quais 12 em alto fluxo (que consome muito oxigênio) e pelo menos metade necessita de UTI. “Nunca imaginei que iria passa por isso. Isso é muito preocupante porque a maioria dos que lá estão precisa de hospital”, reforçou.
O prefeito Tauillo argumentou que o município flexibilizou as medidas para atender a necessidade econômica, mas a situação se complicou ainda mais e é necessário tomar providências. “Temos o apoio dos demais prefeitos da região e dos profissionais da saúde, pois todos estamos no mesmo barco. Sabemos que vamos enfrentar críticas, mas não temos o que fazer”, argumentou.
HOSPITAL MONTADO – Sobre cobranças para que o município monte um hospital de campanha, o prefeito explicou que já foi montado. “Em março do ano passado a Santa Casa não tinha nenhum leito Covid. Hoje temos 70. Na Central Hospital também foram montados leitos para Covid e a UPA com atendimento só para esses pacientes. O investimento está aí”, explicou o prefeito.
Ele acrescentou que utilizar o próprio espaço no hospital em vez de montar tendas foi a opção proposta pelos próprios profissionais de saúde e para facilitar o atendimento. Quanto a questionamentos sobre os recursos recebidos, o prefeito lembra que o município já está no vermelho. “Já gastamos mais do que recebemos. O maior volume de recursos veio para os Estados”, explicou.
O presidente da Comcam, Leandro de Oliveira, disse que os demais municípios seguirão as medidas do decreto de Campo Mourão. “Em alguns municípios os prefeitos já se anteciparam em medidas mais drásticas. Não adianta ter dinheiro. Precisamos do apoio de todos para chegar num resultado. Pedir que enquanto estivermos tudo fechado que as pessoas reflitam, orem. A onda é geral, em todos os municípios. O nosso gráfico está subindo”, observou o prefeito, que também criticou o comportamento de jovens que insistem em fazer confraternizações, inclusive com compartilhamento de narguile.
A médica Maria Fernanda Nunes, da Center Clínicas, também alertou aos jovens que não é hora de fazer festa, de baladas ou barzinhos. “Não está sendo fácil para os profissionais da saúde sair de suas casas todos os dias. Estamos esgotados. E apoiamos essas medidas. Não tem mais onde colocar paciente. Não importa se SUS ou particular. Não tem tratamento precoce, não tem fórmula mágica”, completou.
Fonte: Assessoria
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