
O Ministério Público do Paraná (MPPR) denunciou o casal Tiago Tomaz da Rosa, farmacêutico, e a esposa dele, a médica Carolina Milanezi Bortolon Rosa, investigados por causar deformidades no rosto de uma paciente submetida a um procedimento estético em Cascavel, no Oeste do estado. Ambos estão com seus registros profissionais suspensos desde 14 de janeiro, à pedido da Justiça.
A denúncia, oferecida pela 9ª Promotoria de Justiça de Cascavel, foi aceita pelo Judiciário nesta quinta-feira, 6 de fevereiro. Os dois réus responderão pelos crimes de lesão corporal, estelionato e exercício ilegal da medicina (este último em relação ao farmacêutico).
Conforme as investigações, a paciente contratou, em junho de 2023, a aplicação de um bioestimulador de colágeno denominado Sculptra (ácido poli-L-láctico). No entanto, foi aplicada em seu rosto uma substância diferente: PMMA (polimetilmetacrilato), um preenchedor permanente não indicado para procedimentos estéticos faciais devido ao alto risco de complicações irreversíveis, como necrose tecidual, inflamações crônicas, infecções e deformidades permanentes.
O produto não é recomendado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para essa finalidade. Na denúncia, o MPPR sustenta que os réus obtiveram vantagem ilícita, cobrando da paciente por um procedimento com um produto de alto valor de mercado, mas utilizando um material significativamente mais barato e com efeitos distintos do contratado. A aplicação foi realizada pelo farmacêutico denunciado, com o conhecimento e a anuência da médica, que é sócia-administradora da clínica. A ação penal tramita na 1ª Vara Criminal da Comarca de Cascavel.
A Polícia Civil do Estado do Paraná, através do Primeiro Distrito Policial da cidade de Cascavel, cumpriu no dia 17 de janeiro, um mandado de busca e apreensão na casa e na clínica dos investigados. Após isso, mais 5 vítimas foram identificadas e prestaram declaração à policia.
Ao total já são 9 vítimas que foram ouvidas e 8 inquéritos policiais instaurados, além de mais uma vítima que a polícia está tentando localizar e outra que está aguardando resultado de alguns exames.
As vítimas sofreram queimaduras devido o uso de fenol, deformações devido o uso de PMMA e necroses decorrente de procedimentos mal sucedidos. Além de apresentarem mais sintomas colaterais como problemas renais. Sem contar o dano psicológico e moral.
Entre as vítimas está a paciente, Raquel Roseli Demichei Dornelles, que procurou a clínica em junho de 2023 para realizar um procedimento de estimulação de colágeno, mas alegou ter sofrido deformações faciais devido à aplicação de polimetilmetacrilato (PMMA), substância desaconselhada para fins estéticos.
Após um exame de biópsia, foi confirmada a presença do PMMA no rosto de Raquel, o que causou inchaço e nódulos permanentes. A paciente relatou sérios problemas psicológicos e de autoestima em consequência do ocorrido.
Com informações MPPR
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