A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Teresa Cristina, assinou na sexta-feira (6) instrução normativa que reconhece o Paraná como área livre peste suína clássica (PSC) desmembrando o Estado de um grupo formado atualmente por 14 estados. A medida foi adotada porque a Zona Livre Específica da qual o Paraná fazia parte, juntamente com outros 13 Estados, está sob risco iminente de perder esse status sanitário devido ao registro de focos de PSC em Alagoas, próximo à fronteira com Sergipe.
O reconhecimento internacional já foi concedido ao Paraná em 2016 pela Organização Mundial da Saúde Animal (OIE), porém é preciso manter a agropecuária paranaense unida para fortalecer nosso apelo à OIE, para que o Estado do Paraná seja reconhecido internacionalmente como zona única, em reunião que será realizada em maio de 2020”, disse o secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara. “Mas, de qualquer forma, a instrução normativa já dá a tranquilidade de que um problema que eventualmente ocorra em Sergipe, por exemplo, há mais de 2,5 mil quilômetros, não nos afete”.
Em outubro, foram detectados dois focos em Alagoas acarretando risco para os estados vizinhos e, em consequência, também ao Paraná, que não faz divisa, mas está no mesmo bloco dos estados que o fazem. À época, a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) enviou veterinários para auxiliar no saneamento.
“A Adapar tem apoiado tecnicamente, com envio de equipes de veterinários, os estados com notificação da doença. Nós estamos preocupados com a questão do Brasil”, acentuou o Diretor Presidente da Adapar, Otamir Cesar Martins.
A suinocultura do Paraná não tem semelhança com a produção de suínos dos outros 13 estados que também compõe este bloco, ponderou o presidente da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), José Roberto Ricken. “No Sergipe, por exemplo, a produção é para consumo local ou próprio. O Paraná, por sua vez, tem o segundo maior rebanho e é o terceiro em comércio exterior, com 107 mil toneladas exportadas em 2018, o equivalente a 16,8% do total brasileiro” diz Ricken.
Para Ortigara, o investimento em estrutura e treinamento de pessoal que os setores público e privado do Paraná fizeram, contribuiu no processo de suspensão da vacinação contra febre aftosa no Paraná. A manutenção de área livre de peste suína clássica é determinante para a economia estadual e nacional.
DOENÇA
A peste suína clássica é uma doença viral e está incluída na lista de notificação obrigatória pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), por ser de fácil difusão. Ela acomete somente suínos e não é transmitida para o ser humano. Os sinais clínicos mais comuns são transtornos circulatórios e lesões cutâneas, acompanhadas de conjuntivite em animais adultos e distúrbios neurológicos em suínos jovens. O animal também pode apresentar febre alta, paralisia nas patas traseiras e manchas avermelhadas pelo corpo. Além da transmissão pelo contato com animal infectado, ela pode se difundir por alimentos, água ou equipamentos contaminados. A doença é detectada por exames laboratoriais. O Centro de Diagnóstico Marco Enrietti, laboratório da Adapar, é um dos credenciados para esse tipo de análise.
CHINA
A China é um dos países que mais consomem carne suína, com a média de 30 quilos por ano per capita. No Brasil, o consumo era, em 2017, de 14,7 quilos, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal. No entanto, um surto de peste suína africana (PSA) detectado em 2018 já dizimou aproximadamente 40% dos animais chineses, levando à escassez do produto. Para garantir o abastecimento dessa que é a principal proteína chinesa, o país abriu as portas para a importação da carne de porco. Em um ano, as importações aumentaram em mais de 40% com perspectivas de continuar nesse patamar até que o rebanho possa ser recuperado. As autoridades chinesas estão credenciando fazendas de diversos países, entre eles o Brasil, para que sejam fornecedores da carne.
Fonte: Adapar
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