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Delegada do NUCRIA detalha investigação de Padre suspeito de abuso sexual em Cascavel

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Nesta segunda-feira, 25, a delegada Thais Regina Zanatta, titular do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes (NUCRIA) de Cascavel, concedeu entrevista à imprensa e trouxe todos os detalhes sobre o caso do padre suspeito de abuso sexual de menores, que está sendo investigado desde julho de 2025.

A operação “Lobo em Pele de Cordeiro”, deflagrada na manhã de ontem, 24, resultou na prisão temporária do investigado e no cumprimento de mandados de busca e apreensão em sua residência e na clínica onde atuava como terapeuta. A ação, conduzida pelo NUCRIA, visou evitar que o padre, afastado de suas funções eclesiásticas em 14 de agosto, tentasse contato com possíveis vítimas e testemunhas, o que poderia comprometer a investigação. Até o momento, foram ouvidas 11 pessoas, identificando três vítimas, todas do sexo masculino.

Segundo a delegada Thais Zanata, as investigações começaram em julho de 2025 e remontam a fatos ocorridos entre 2009 e 2010, quando o padre ainda era seminarista:

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“Os fatos, eles se iniciaram entre 2009 e 2010 com uma tentativa de estupro de vulnerável quando esse padre, ele ainda era seminarista, esse abuso ele se deu contra outro seminarista. Apesar dessa vítima ser maior de 18 anos, ele estava em estado de sonolência, por isso é considerado vulnerável aí para a legislação penal.”

A delegada explicou que na época o caso foi levado ao arcebispo da Igreja Católica em Cascavel, mas não houve encaminhamento para autoridades policiais ou judiciais. Ela destacou que há relatos de que o arcebispo também teria cometido assédios dentro do seminário:

“Esse arcebispo faleceu no ano de 2021 e ele acabou passando pano para esses abusos cometidos por esse seminarista, eles tinham um vínculo bem próximo e o que causa estranheza, porque também veio relatos aí de que esse arcebispo também cometia situação de assédio contra os seminaristas aí, o seminário inclusive era dentro da cúria que era onde o arcebispo permanecia.”

Entre 2013 e 2014, o investigado passou a atuar como padre em uma igreja de Cascavel, onde mantinha acólitos — jovens que participavam de atividades religiosas — e oferecia a eles bebidas alcoólicas, presentes e dinheiro. Alguns desses jovens, incluindo menores de 14 anos, chegaram a pernoitar na residência do padre, inclusive em sua cama, segundo relatos de funcionários da igreja.

Em 2019, um ex-usuário de drogas buscou ajuda do padre para recuperação. Conforme relatado pela delegada, durante três noites de estadia na casa paroquial, o jovem foi dopado e sofreu abuso sexual:

“O caso mais recente que chegou até o nosso conhecimento é esse caso de 2019… essa vítima ela tentou suicídio em dezembro do ano passado e acabou ficando com graves sequelas, foi aí que uma tia dessa vítima resolveu procurar a polícia militar para relatar tudo isso que estava acontecendo e a polícia militar fez um relatório de inteligência e acabou passando para a polícia civil onde se deu o início da investigação.”

Após o afastamento do padre em agosto, ele tentou contato insistente com possíveis vítimas e testemunhas, fato que motivou a prisão temporária. A delegada explicou que algumas testemunhas, ao prestarem depoimento, identificaram-se também como vítimas, revelando que na época dos fatos não se percebiam como tal.

Os mandados de busca e apreensão resultaram na apreensão de computadores e celulares na residência e na clínica do padre. Esses aparelhos passam por perícia para extração de dados. O investigado permanece preso na carceragem da cadeia pública de Cascavel e será encaminhado posteriormente à penitenciária. O interrogatório ocorrerá somente após o término das diligências.

“As denúncias são estupro de vulnerável, justamente porque a primeira vítima lá em 2009, ela estava em estado de sonolência, a segunda vítima, ela era uma vítima de 13 anos de idade, a época dos fatos, e a terceira vítima que foi identificada estava dopada, então também se trata de vulnerável aí para a legislação.

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A delegada Thais reforçou que o caso ainda está em andamento, com novas vítimas em potencial. O padre deve ser a última pessoa a ser ouvida na investigação.

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