O primeiro caso de dengue registrado em Corbélia foi há pouco mais de duas semanas, desde então as equipes de endemias do município tem tratado a doença com ainda mais preocupação, já que em todos os bairros em que os servidores realizam as vistorias, são encontrados focos do mosquito, como conta o Coordenador da Vigilância Ambiental e Endemias, Augusto Tomazini.
“Ficou muito tempo sem chover e as pessoas acabaram se descuidando. O foco não necessariamente tem mosquito, mas tem água parada. E a equipe de endemias quando encontra desmancha esse foco, mas é preocupante o aumento nesse número de focos. ”
Boa parte dos focos encontrados possuem já larvas do mosquito em fase de maturação em que se tornam mosquitos adultos. “De modo geral em toda a cidade encontramos focos, e com larvas já em processo de virarem mosquito.”
O mês de dezembro e janeiro são os que mais preocupam, já que há um aumento de chuva e calor na região. Condições que facilitam ainda mais a procriação do mosquito.
“Conforme aumenta o calor, o mosquito consegue se reproduzir mais rápido, em até 7 dias. Diferente do inverno que chega à 15 dias.”
O período de festas é de alerta já que muitas famílias viajam para cidades com epidemia, e ainda acabam se descuidando das residências que ficam sem nenhum cuidado. “Muita gente viaja e pode trazer a doença, como tem gente que vem de fora e pode trazer a doença pra cá também.”
O trabalho que vem sendo realizado pela vigilância de Corbélia se diferencia pela forma de agir quando um caso é notificado como suspeito no município ainda dentro dos consultórios médicos.
Ao receberem um paciente com os sintomas da doença, os médicos estão orientados a notificar como suspeito para dengue.
Dessa forma as equipes de endemias trabalham com maior antecedência, já que para confirmar a doença é preciso realizar o exame de sangue através do Laboratório Central do Paraná, vinculado à Secretaria de Saúde do Estado. E o resultado positivo ou negativo demora para chegar às equipes.
Seguindo essa estratégia Corbélia realizou um número alto número de notificações. Foram 38 no calendário epidemiológico de junho/2018 à agosto/2019. “A gente acaba tendo um exagero de notificação, e de trabalho de campo, mas a prevenção é mais eficaz.”
O caso registrado em Corbélia apresentou os sintomas da doença no fim de novembro, e mesmo sem os resultados de laboratório a equipe tratou como um caso confirmado.
“Quando a gente tem essa notificação no posto de saúde, mesmo que demore pra vir o resultado e confirme que ela tem dengue, ou não, essa ficha vem pra nós em 24h, e a gente tem 48h pra gente atuar no raio.”
O raio, descrito por Augusto, é uma visita na casa da pessoa que apresentou os sintomas, e as casas em mais 300 metros em torno também são vistoriadas pela equipe.
“Se uma pessoa foi picada pelo mosquito fêmea e pegou a dengue, ela vai se alimentar do sangue para se reproduzir então todos os ovos que ela botar vão estar contaminados, e esses mosquitos que nascerem vão propagar a doença.”
O objetivo do trabalho no raio é eliminar todos os focos de dengue numa área de 300 metros. “É por isso que a gente fica de plantão pra fazer, e não faz a visita de orientação e supervisão, mas atua diretamente onde tem a presença da doença.”
Uma das regiões que recebeu a atuação direta da vigilância foi em torno do Hospital Santa Simone, que recebeu dois pacientes de Longuinópolis em Dezembro. “Foi uma atuação preventiva, para evitar que esses pacientes transmitissem a doença.”
Augusto explica ainda que a utilização de veneno, o conhecido fumacê, pode ser utilizado somente se houver surto da doença no município. “O nosso plano de contingência, que regula quando é surto, diz que é 3 casos de dengue na mesma região em menos de sete dias. Quer dizer que uma pessoa pode estar passando pra outra. Neste caso a gente entra com o veneno.”
Mesmo com o recesso de fim de ano, os servidores trabalham em escala de plantão, e pelo menos dois agentes estão de sobreaviso. “Se a gente tiver algum caso notificado a gente vai acabar chamando eles pra fazer o trabalho de campo.”
Dengue no Paraná
De acordo com o mais recente boletim epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde, divulgado terça-feira (17), foram registrados 3.293 casos confirmados da doença desde 28 de julho no Paraná. O número é 2.950% maior quando comparado com o mesmo período do ano passado (108 casos), o que reforçou o alerta por parte do governo estadual.
Atualmente, 266 municípios apresentam notificações para a dengue, que passam de 16.596 no Paraná. Os municípios com maior número de casos confirmados são: Santa Isabel do Ivaí, com 205 casos; Inajaí, com 71 e Nova Cantu, com 56.
São 11 cidades com epidemia: Paranacity, Nova Cantu , Quinta do Sol, Inajá, Santa Isabel do Ivaí, Ângulo, Colorado, Doutor Camargo, Floraí, Uniflor e Florestópolis.
Fonte: AEN
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