Castramóvel recebido pelo município de Corbélia se torna desafio para entrar em funcionamento: recursos financeiros e humanos são apontados como principais problemas. Em Ponta Grossa, o trailer equipado com centro cirúrgico já traz resultados positivos, principalmente pela abordagem multidisciplinar em sua atuação com os moradores.
Depois de mais de um ano de espera, desde que foi anunciado, Corbélia recebeu o trailler apelidado de Castramóvel. O veículo tem objetivo único, oferecer o serviço de castração animal, para o controle de natalidade de cães e gatos.
O último levantamento realizado pelas Agentes Comunitárias de Saúde de Corbélia, há pouco mais de três meses mostraram pelo menos mil cães de rua no município. Sem donos esses animais perambulam pelo município, procriam, transmitem doenças e ainda colocam em risco a vida de motoristas no trânsito.
O vereador Volmir Gronefeld Reis foi o responsável por garantir o veículo ao município. “O castramóvel foi um pedido da ONG de Corbélia, dado um meio mais fácil de castrar os animais, e através do Deputado Osmar Bertold, recebeu no valor de R$120 mil pro município”
Com o veículo entregue no mês de setembro, parece ainda ser uma incógnita como será utilizado pela prefeitura de Corbélia. Para o prefeito Dr. Giovani Miguel Wolf Hnatuw, os custos para a manutenção são altíssimos, principalmente pela mão-de-obra necessária em comparação ao número de animais que precisam ser castrados.
Para ele a estrutura ficaria obsoleta com a finalização da castração em 100% dos animais de rua, e domésticos de moradores de baixa renda. Mesmo que a Secretaria de Saúde opte por montar a equipe, o município não possui médicos veterinários disponíveis para atuar diretamente na castração, e precisariam ser contratados exclusivamente para a função.
Entre tantas intempéries, cogitou-se pelos corredores da prefeitura a recusa da verba, mas por insistência do vereador Nene, o prefeito aceitou o vinda do veículo e precisou pensar em um saída.
Uma das soluções, que está sendo estudada, é o compartilhamento do veículo com outros municípios por meio do Consórcio do Piquiri, e consequentemente seus custos.
“A proposta é que o consórcio utilize para que ele seja melhor aproveitado. A gente consegue a otimização do uso para que ele não fique ocioso, e também resolve a questão do custo, para que a gente rateie esse custo para a cirurgia no castramóvel” explica o prefeito.
O veículo, apesar de ter sido entregue, não veio totalmente equipado para a realização das cirurgias, e de acordo com o prefeito, é necessário um alto investimento para a adequação.
“Vai um investimento de mais de R$80 mil para adequar a estrutura, os custos mensais dependem de quanto movimento a gente vai ter. Mas, a demanda do município ela não suporta, o município é pequeno, e de repente não suporta. A gente quer disponibilizar para os demais municípios, para a gente ter a otimização do equipamento e de recursos, o consórcio pode angariar recursos de outras formas que o município não consegue sozinho, e a gente pretende aumentar a solução do equipamento com o consórcio. O consórcio serve justamente para isso, para otimizar ações, reduzir custos e atender uma região maior do que só a localidade do município”.
A proposta já foi apresentada aos prefeitos que compõem o consórcio, mas como ela será trabalhada vai depender dos próximos passos que a legislação permite, e principalmente das possibilidades do próprio consórcio.
A mão-de-obra é a principal preocupação e ela pode vir por meio de uma segunda parceria, desta vez com universidades. “O município deixa o equipamento para o consórcio, e o consórcio faz o convênio com a universidade. O formato em si de como vai ser a solução e de como a universidade vai utilizar o equipamento dependerá da universidade.”
O prefeito vê que o Castramóvel precisa ser tratado como um incremento nos trabalhos já realizados pelo próprio município e pela ONG Corbélia de proteção animal, que recebe uma verba de auxílio para custeio de castrações e atendimentos. Os valores repassados vêm através de um convênio, e não deixarão de existir com o início dos trabalhos do castramóvel.
“A ONG tem outras ações que não só castração, e por isso participa com o fomento, então a ONG vem prestar contas desse recurso, e dentro do plano de trabalho dela, constam outras castrações, tanto que o município também faz castrações por modalidade de pregão para atender a demanda que é bem maior do que só a ONG consegue atender. O município ainda faz frente para tentar atender essa demanda, e isso tem sido equacionado de forma segura para manter a população mais controlada neste formato”.
Nene aponta que apesar de ter lutado para sanar um problema de saúde pública, ele não chegou a ser consultado para o desenrolar das situações apontadas, mas concorda que o Castramóvel será melhor aproveitado se compartilhado com o restante dos municípios, já que também evitaria que animais de outras cidade sejam abandonados em Corbélia. “Sim, porque no meu ponto de vista, muitos cachorros dessa cidade são largados em ruas de cidades vizinhas, então nada mais justo, usar o castramóvel em outras cidades também.”
CASTRAMÓVEL traz resultados positivos em Ponta Grossa
Ponta Grossa é uma das cidades que já possuem o Castramóvel em pleno funcionamento, e seguindo sua principal função: castração de animais. O Doutor em Ciências Veterinárias e professor na Universidade Federal de Ponta Grossa, Carlos Eduardo Coradassi, realizou um estudo sobre os resultados alcançados com o trabalho desenvolvido pelos médicos residentes, que segundo ele, demoram a aparecer.
“O Castramóvel não traz um resultado rápido, a gente trabalha aqui diretamente nas situações primárias. Nos baseamos no número quantitativo de animais que estão naquela região, por exemplo, na nossa cidade a gente faz uma avaliação com os núcleos de saúde que fazem visitas e sabem quantos animais cada família tem.
O castramóvel se desloca para a região, e fica por lá até castrar 70% dos animais. As pessoas manifestam a vontade e desejo de colocar seu animal no programa de castração, diretamente na unidade de saúde, ao fazer inscrição lá.” As famílias beneficiadas precisam estar inscritas em programas municipais ou federais, como Bolsa Família para conseguir a castração gratuita.
Por ano são castrados em média 700 animais entre machos e fêmeas. “O número de animais castrados são de 5 a 6 animais por dia, de segunda a quinta-feira. No nosso município já estamos no 5º bairro, é mais um dispositivo de controle populacional, ajuda bastante no sentido de conscientização e controle.”
Os recursos disponibilizados para os trabalhos estão distribuídos entre recursos humanos e materiais, mas os valores não ultrapassam os R$100 mil anuais.
“Nós temos o programa de residência, implantado pelo Ministério da Saúde, que atua no castramóvel. Temos 3 profissionais que trabalham em dias escalonados, um sendo coordenador. Por ano vai dar uns R$70 mil em recursos humanos, em média é um custo baixo.” O custo por castração é de R$25 por animal em média. “Da uns R$30 mil por ano, fazendo um cálculo grosseiramente. Nosso custo é menor porque temos a residência, a bolsa é paga pelo ministério”.
Com uma população muito baixa em comparação à de Ponta Grossa, o castramóvel se apresenta sim com uma grande viabilidade segundo Carlos. “São 700 animais por ano, e fazendo comparativo com Corbélia com 17 mil habitantes, o Castramóvel é viável, mas precisamos de recursos humanos. Um veterinário não atua só no castramóvel, e sim na vigilância também do município”.
Confira a entrevista completa com Doutor em Ciências Veterinárias e professor na Universidade Federal de Ponta Grossa, Carlos Eduardo Coradassi
O Castramóvel traz resultados reais quanto ao controle de cães e gatos?
Carlos Eduardo Coradassi – “O Castramóvel não traz um resultado rápido, a gente trabalha aqui diretamente nas situações primárias. A gente tem que sempre que se basear no número quantitativo de animais que estão naquela região, por exemplo, na nossa cidade a gente faz uma avaliação com os núcleos de saúde que fazem visitas e sabem quantos animais cada família tem. O castramóvel se desloca naquela região, e fica por lá até castrar 70% dos animais daquela região. As pessoas manifestam a vontade e desejo de colocar seu animal no programa de castração, diretamente na unidade de saúde, ao fazer inscrição lá. Em média é liberada uma castração por animal da família, claro que essa questão não é tão rígida, porque nós temos que ver o grau de vulnerabilidade de determinadas famílias, as vezes tem outros animais, são baixa renda, então as pessoas precisam estar inscritas em programas ou municipais, ou federais, como Bolsa Família para fazer a castração. Dentro dos princípios de equidade do SUS, vamos tratar primeiro quem precisa mais. As pessoas que levam os animais passam pro um processo todo de educação conjunta, não é só levar o animal, castrar e deixar. Ela vai receber orientações do pré cirúrgico e pós do animal. O número de animais castrados são de 5 a 6 animais por dia, de segunda a quinta-feira. No nosso município já estamos no 5º bairro, é mais um dispositivo de controle populacional, ajuda bastante no sentido de conscientização e controle. São 700 animais por ano, e fazendo comparativo com Corbélia com 17 mil habitantes, o Castramóvel é viável, mas precisamos de recursos humanos. Um veterinário não atua só no castramóvel, e sim na vigilância também do município”
Você sabe falar do custo mensal do castramóvel, mão de obra + castrações?
Carlos Eduardo Coradassi – “Nós temos o programa de residência, implantado pelo ministério da saúde, que atua no castramóvel. Temos 3 profissionais em dias escalonados, um sendo coordenador. Por ano vai dar uns R$70 mil em recursos humanos, em média é um custo baixo, sendo R$25 por animal em média, da uns R$30 mil por ano, fazendo um calculo grosseiramente. Nosso custo é menor porque temos a residência, a bolsa é paga pelo ministério. O castramóvel não é itinerante, ele permanece num local, mas numa cidade como Corbélia é muito mais tranquilo que Ponta Grossa”.
O que vocês já sentem de reflexo com o castramóvel?
Carlos Eduardo Coradassi – “A gente elegeu os bairros por vulnerabilidade. Um dos bairros que deixamos o castramóvel no CRAS, porque a comunidade avisou que ele poderia ser depredado pelo perigo da comunidade. Conseguimos castrar 70 animais naquela comunidade pela vulnerabilidade. O castramóvel é um dispositivo que colabora no sentido de castração. As vezes até uma cirurgia de emergência”.
Castram só fêmeas?
Castramos machos e fêmeas. 80% de fêmeas e 20% de machos. Uma família não pode ser excluída porque tem o animal do gênero masculino.Tem que ter um diagnóstico populacional, planejamento financeiro, contagem dos animais na cidade, isso é uma questão política muitas vezes, nem técnica”
Confira a entrevista completa com o Prefeito de Corbélia Dr. Giovani Miguel Wolf Hnatuw
Como está o castramóvel? Ele vai vir para o consórcio? Tem outra cidade que tem castramóvel?
Prefeito – “A principio Corbélia tem, Ubiratã, vamos ver se Cafelândia dispõe, e a proposta é que o consórcio utilize para que ele seja melhor utilizado, a gente consegue a otimização do uso para que ele não fique ocioso, e também a questão do custo, para que a gente rateie esse custo para a cirurgia no castramóvel, vai um investimento de mais de R$80 mil para adequar a estrutura, os custos mensais depende de quanto movimento a gente vai ter, mas a demanda do município ela não suporta, o município é pequeno, e de repente não suporta, a gente quer disponibilizar para os demais municípios, para a gente ter a otimização do equipamento e de recursos, o consórcio pode angariar recursos de outras formas que o município não consegue sozinho, e a gente pretende aumentar a solução do equipamento com o consórcio, o consórcio serve justamente para isso, para otimizar ações, reduzir custos e atender uma região maior do que só a localidade do município”
A proposta é que o consórcio contrate os colaboradores ou Corbélia contratasse e disponibilizasse?
Prefeito – “Haverá uma discussão que a gente vai trazer numa primeira proposta, ainda não está definido se o consórcio aceitará ou não, não está definido o formato, é uma primeira discussão que vamos lançar aqui, só tivemos uma conversa extraoficial que concordou em trazer a proposta. Trazemos a proposta, o consórcio assume isso, e a partir daí começa as discussões de que formato, modalidade, de como vai ser feito, se vamos terceirizar com clínicas veterinárias, se vamos contratar pessoal o que não é um caminho adequado, porque recursos humanos colocar dentro de um consórcio ele é sempre oneroso para o consórcio, então a tendência é discutir a terceirização. Uma das possibilidades, é parceria com universidades, já houve um pré-contato com a Univel, uma vez que a FAG já atende o município de Cascavel, e quem se interessou foi a Univel, e já apresentou uma pré conversa. O município deixa o equipamento para o consórcio, e o consórcio faz o convenio com a universidade, o formato em si de como vai ser a solução e de como a universidade vai utilizar o equipamento, vai de universidade.”.
A ONG não deixa de receber os recursos da prefeitura?
Prefeito – “Não, isso é uma ação, termo de fomento e cooperação que existe com uma finalidade própria que inclui processo de castração, mas não é um exclusivo, a ONG tem outras ações que não só castração, e por isso participa com o fomento, então a ONG vem presta contas desse recurso, e dentro do plano de trabalho dela, consta outras castrações, tanto que o município também faz castrações por modalidade de pregão para atender a demanda que é bem maior do que só a ONG consegue atender, então o município ainda faz frente para tentar atender essa demanda, e isso tem sido equacionado de forma segura para manter a população mais controlada neste formato”.
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