A Secretaria Municipal de Saúde de Corbélia já trabalha com o cenário de transmissão comunitária no município. O terceiro caso confirmado da doença é de uma empregada doméstica de 39 anos que não esteve fora do município, nem em contato com outras pessoas confirmadas ou suspeitas da doença.
Com esse diagnóstico a Secretária de Saúde Cleide Messias explica que é possível comprovar que já não há mais controle de transmissão da doença, e que já não é possível saber quem está contaminado ou não.
“Esse terceiro caso é uma trabalhadora doméstica, e é bem complicado, porque significa que já temos a transmissão comunitária, nós não sabemos de onde vem e quem tem.”
O momento é de ainda mais preocupação e cuidados, o protocolo de atendimento de pessoas confirmadas com a doença se torna ainda mais extenso, e todos que estiveram com o paciente também passam ser monitorados.
“A gente precisa buscar os contactantes que tiveram contato com essa paciente, nós faremos um esforço para localizá-las, monitorá-las e deixa-las em isolamento domiciliar, e acompanhar os casos. Mas, já começa a ficar difícil de fazer esse rastreamento dos pacientes.”
Não saber o nome das pessoas que testaram positivo para o COVID-19, tem levantado questionamentos pelas redes sociais, no entanto, a Secretária explica que não se deve divulgar o nome do paciente, para que ele seja preservado. No entanto, caso a pessoa não cumpra as exigências de isolamento, ele terá o nome divulgado após acionamento do Ministério Público.
“É um direito do paciente ser preservado o nome dele. É uma obrigação nossa identificar o paciente e todos os seus contactantes, fazer a nossa parte quanto autoridade sanitária, mas não podemos expor os pacientes. Não podemos desde que as pessoas respeitem o isolamento e as questões sanitárias, porque a partir do momento que a pessoa se negar a ficar em quarentena, se negar a ficar aqui no hospital ,conforme as normas que nós estabelecemos para os moradores de Corbélia, a gente aciona o Ministério Público e informa que essas pessoas não estão cumprindo e aí sim passa a ser divulgado o nome da pessoa e para que sociedade possa a acompanhar.”
O surgimento de novos casos para os próximos dias já é esperado pelas equipes de saúde, visto que o nível de contaminação é extremamente alto, aliado ao descuido da população e a queda no isolamento social ele pode ser ainda maior.
“Se cada um dos contaminados nossos contaminou mais seis, e esses seis contaminaram mais seis a gente vai perdendo a conta. Por isso que a gente já fala em transmissão comunitária.”
A mudança deste cenário de contaminação dependerá das atitudes da população ao apresentarem sintomas gripais e contatarem o atendimento médico imediatamente.
“Isso vai depender agora de cada pessoa, cada morador de Corbélia, que tiver síndrome gripal, se tiver algo simples como uma dor de ouvido, dor garganta, teve temperatura, ou não teve, diarreia, qualquer sintoma que tenha ele já precisa fazer um contato com sua Unidade Básica de Saúde e possivelmente já vai coletar o exame e pode ser a infecção pelo COVID-19.”
Com o aumento do número de casos não só em Corbélia, mas também nas cidades vizinhas a população vem cobrando medidas restritivas mais rígidas, como o fechamento de entradas do município e até lockdown, no entanto, nenhuma dessas ações são cogitadas no momento.
Segundo a Secretária o COE tem avaliado diariamente a evolução da pandemia no município, e todo a preparação e prevenção já vinham sendo realizadas desde fim de fevereiro.
“O lockdown não se discute neste momento, nós teremos uma reunião com o COE para reavaliar a situação do município, mas o que a gente vinha fazendo já como prevenção é ter essa estrutura hospitalar. Da nossa parte a gente vinha há quase três meses se preparando pra isso que está pra chegar ainda.”
Cleide reforçou a importância do isolamento social, e que a prevenção deve vir da própria população. Ela contou ainda que um dos pacientes confirmados com COVID-19 assumiu ter tido contato com oito pessoas. “E um dos pacientes confirmados aqui de Corbélia, ele mesmo, assumiu que esteve em uma roda com oito amigos, com oito pessoas em contato. Então veja quanto a doença pode se espalhar. A partir da vigilância epidemiológica nós temos ações efetivas e vamos fazer as intervenções. Agora referente a paralização do município, vai depender de uma nova reunião do COE.”
Um novo fechamento do comércio também dependerá não só do aumento de novos casos, mas também de como eles surgirão. A decisão também caberá ao COE que tem mudado de estratégias constantemente conforme a pandemia se comporta na região e no Estado.
A internação, no Hospital de Campanha, de pacientes que realizaram os testes e estão aguardando resultado dos exames havia se tornado obrigatório desde a última sexta-feira, 22. No entanto, uma nova normativa da SESA vai obrigar a mudar essa decisão.
“A cada dois ou três dias a gente tem que ir mudando de estratégias também. A SESA emitiu uma resolução 01/2020 essa semana, e amanhã (26) vai ter uma reunião online, e partir da semana que vem isso deve mudar porque os pacientes terão a sua coleta nas UBSs.”
Com a coleta de exames sendo realiza nas Unidades Básicas de Saúde, e ampliação no número de testes, as vagas disponíveis no Hospital de Campanha serão insuficientes, por isso a normativa do COE deverá ser alterada.
“Nossa equipe da epidemiologia já está trabalhando a partir de hoje, reorganizando o fluxograma, então todo e qualquer paciente que venha apresentar sintomas de síndrome gripal e que pode ser COVID-19, todas as pessoas terão a possibilidade de fazer a coleta do PCR , aí ela vai coletar na sua UBS. Portanto nós não teremos lugar para deixar todo mundo, então provavelmente a gente mude essa conduta de deixar internado. Se o paciente coletou o exame na UBS e ele está bem de maneira em geral, então ele vai ser monitorado e isolamento domiciliar.”
Exames
A realização de exames para COVID-19, no município não tem dependido somente do Laboratório Central do Paraná – LACEN. A Secretaria de Saúde tem utilizado o convênio com o CISOP para a realização de testes em pessoas que tiveram contatos com casos confirmados.
“Nós temos a possibilidade de fazer por um convênio via CISOP. A gente tem feito dos contactantes. O paciente foi contato de um positivo, a gente manda coletar via boleto CISOP e é o município que paga o custo desse exame. Mas a partir dessa nova resolução do Estado, o Estado vai dar uma cobertura ainda maior para a coleta dos exames, e vai aumentar bastante.”
Hospital de Campanha
Dos 54 leitos que o Hospital de Campanha instalado em Corbélia possui, 21 já estão ocupados por pacientes suspeitos ou confirmados da doença. O Hospital foi preparado para atender casos leves da doença, mas possui três leitos com respirador, monitor cardíaco e bomba de infusão para dar suporte as equipes, e principalmente a pacientes que possam ter agravamento da doença.
“Temos (pacientes) de Anahy, Braganey, Iguatu e daqui de Corbélia também. Hoje são três leitos que tem monitor cardíaco, respirador, bomba de infusão pra dar um suporte até que a gente consiga fazer a transferência desse paciente. Nós temos aqui no Hospital click da central de regulação macro. A gente já teve a experiência infeliz do agravamento do paciente de Braganey que veio a óbito, a gente fez o click dele aqui e foi transferido a partir do nosso HC. Temos uma segurança para o tratamento.”
A Secretária ainda deixou uma alerta para a população de Corbélia.
“Eu quero alertar a população que faça o contato com a sua Unidade Básica de Saúde, os nossos profissionais estão equipados, a gente tem estrutura de EPIs, para os profissionais, os médicos estão orientados então qualquer sintoma de síndrome grial esse paciente vai ser atendido pela equipe da atenção básica na UBS e se for necessário vai ser encaminhado para o hospital de campanha. E se o médico achar que já vai fazer a solicitação do exame ele já vai prescrever a coleta do PDR, e nós iremos informar.”
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